História

A Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil, pertence à Família Mercedária, fundada em 1218 na Espanha, por São Pedro Nolasco. A Ordem Mercedária é uma ordem redentora que nasceu para trabalhar em defesa da fé e a vida dos cristãos mantidos no cativeiro pelos muçulmanos no início do século XIII. Após a primeira fundação, foram surgindo várias congregações femininas com o mesmo desejo de atualizar a missão redentora de Jesus Cristo.

Madre Lúcia Etchepare, natural do Uruguai, fundou a Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil, em 10 de agosto de 1938, na cidade de São Raimundo Nonato, Piauí, com o apoio e a colaboração de D. Inocêncio López Santamaría, que era mercedário e Bispo da então Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia, da qual São Raimundo Nonato fazia parte.

Madre Lúcia tinha sido religiosa de outra congregação mercedária: as Irmãs Mercedárias do Divino Mestre, onde fora Superiora Geral e muito contribuiu para o bem do reino de Deus. Residiu muito tempo na Argentina e lá começa a sentir-se chamada para fundar uma Congregação “eminentemente missionária”.

Nossa Madre (como carinhosamente as irmãs a chamavam), muito desejou que Jesus Cristo fosse “conhecido, amado e seguido” por todos. Ouviu de Dom Inocêncio das dificuldades de evangelização nos sertões piauienses por causa da falta de sacerdotes e religiosos.

Após doze anos de discernimento, Madre Lúcia deixou a sua Congregação e partiu para o Brasil em 1937, onde fundou a Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil no ano seguinte.

 

BIOGRAFIA – MADRE LÚCIA ETCHEPARE

Lúcia Etchepare, fundadora da Congregação as Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil, foi filha de Pedro Etchepare e Maria Sótil Etchepare, nasceu em Carmelo, Uruguai, no dia 06 de julho de 1882.  Entrou na Congregação das Irmãs Mercedárias do Divino Mestre em 1901.  Foi transferida para Argentina, onde ela foi eleita várias vezes Superiora Geral da Congregação.

Madre Lúcia, depois conhecida simplesmente como Nossa Madre entre as irmãs no Brasil, foi uma mulher forte, apaixonada por Jesus, amável e muito amada. A visita dela às comunidades era muito desejada e trazia alegria. Sua amabilidade nasceu da certeza que ela era muito amada por Deus, experiência cultivada com muita intensidade na sua vida de oração.

Esta relação com Deus fez dela uma pessoa de escuta, atenta aos apelos vindos na oração e da realidade. Em 1925, Madre Lúcia começa a sentir fortemente o desejo de fundar uma congregação missionária.

Iniciou-se então um período de doze anos de luta e de desfio, enquanto Madre Lúcia tentava compreender melhor o que Deus quis dela e como realizar a fundação. O desejo da missão era muito forte.  Mesmo ocupando o cargo de Superiora Geral, ela continuou sonhando com uma congregação missionária.

Em meio aos muitos desafios que ela enfrentou, Nossa Madre conheceu em 1934 em Buenos Aires, D. Inocêncio López Santamaría, Bispo Mercedário de São Raimundo Nonato, Piauí. Ele contava a dificuldade da missão que ele exercia nos sertões do Piauí, da falta de sacerdotes e de religiosas e, consequentemente, as dificuldades na evangelização.  Tudo isso confirmou o que ela já sentia:  que era urgente fundar a congregação missionária para se dedicar exclusivamente à catequese (como se referia antes à evangelização), para preparar o povo para receber os sacramentos. Através da partilha de Dom Inocêncio, Madre Lúcia contemplou a realidade do Piauí. Cheia de compaixão, ela escutou o grito que nascia daquele chão e percebeu que é naquele lugar que ela devia realizar o apelo missionário que Deus já havia despertado no coração. Ela desejou fortemente que todos pudessem conhecer, amar e seguir a Jesus e compreendia que falta de esclarecimento na fé era uma forma de escravidão. Ao descrever seu sentimento em relação a isso, ela escreve: “Que dor!”

Nossa Madre conseguiu o apoio de Dom Inocêncio para a nova fundação e ela deixou a sua Congregação e chegou ao Brasil em 1937. Fundou a Congregação em São Raimundo Nonato, Piauí, em 10 de agosto de 1938.

Ela escreveu:

“O Brasil, como seus imensos campos desprovidos de operários, é e deve ser o campo onde espalharei a microscópica semente que, regada com graça e favores do Divino Missionário e de Nossa Santíssima Mãe das Mercês, frutificará pouco a pouco nas cálidas e sertanejas terras da Santa Cruz.”

Nossa Madre não levou em consideração as muitas dificuldades de vida no Piauí: a pobreza, as dificuldades de idioma e transporte, a falta d´água e de muitas outras amenidades de vida.  Assumiu com serenidade todos os desafios, confiante na bondade e providência de Deus. Importante era a missão no campo, anunciar a Boa Nova do amor de Deus aos empobrecidos no sertão piauiense.

Como Superiora Geral, Nossa Madre manifestou todo seu elã religioso e missionário.  Ela faleceu em Salvador, Bahia, 17 de julho de 1961, mas continua viva no coração das irmãs que com ela conviveram e que partilham do mesmo ideal de vida religiosa missionária e de seguimento a Jesus Libertador.

 

BIOGRAFIA – DOM INOCÊNCIO LÓPEZ SANTAMARÍA

Dom Inocêncio López Santamaría nasceu na Espanha, na pequena cidade de Sotovellanos, Burgos, em 28 de dezembro de 1874. Ocupou todos os escalões da hierarquia na Ordem de Nossa Senhora das Mercês, sendo Mestre Geral entre 1914 e 1925. Foi amigo próximo do Papa Bento XV e aceitou o convite deste para assumir a evangelização na recém-criada Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia,  Piauí. A vinda dos padres mercedários para a missão do Piauí aconteceu em 1922.

No dia 31 de agosto de 1930 dom Inocêncio López Santamaría foi ordenado como terceiro bispo do Prelado. Ele chegou ao Brasil no início de 1931 e tomou posse em São Raimundo Nonato no dia 18 de fevereiro do mesmo ano.

Durante 27 anos de pastoreio na Prelazia a ele encomendada, Dom Inocêncio  trabalhou com todo o zelo apostólico nas frequentes visitas a todas as paróquias da Prelazia, sem medir esforço. Uma das grandes preocupações dele foi a formação do clero local, ordenando figuras importantes na vida da Igreja do Estado do Piauí.

Dom Inocêncio deu muito apoio à fundação da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil, pela Madre Lúcia Etchepare, sob a proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus e de São Raimundo Nonato. Após a fundação, continuou sendo amigo e conselheiro da Madre Lúcia e das outras irmãs. Foi presença marcante e santa no processo de formação para a vida religiosa mercedária missionária de muitas irmãs.

Dom Inocêncio deu grande incentivo à educação e apoiou a criação do Ginásio em São Raimundo, que depois receberia seu nome e que foi um marco na cultura da região. Ele faleceu no Hospital Espanhol de Salvador, Bahia, no dia 9 de março de 1958 e foi sepultado na Catedral de São Raimundo Nonato.